Goiás Antigo: um tour pela época colonial.
Um passeio a pé pelas ruas da antiga cidade de Vila Boa de Goiás é uma ótima maneira de voltar ao passado para reviver o nosso período colonial. Não é à toa que a antiga capital do estado de Goiás, hoje conhecida como Goiás Velho ou Cidade de Goiás, foi reconhecida como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco em 2001. O município é um dos mais bem preservados retratos do Brasil Colônia, que reúne uma arquitetura peculiar e séculos de tradições culturais.
Com o fim da corrida pelo ouro e a posterior transferência da capital, Goiás Velho perdeu sua importância política e econômica e viu reduzir-se o número de moradores da região. Esses acontecimentos colaboraram para que, ainda hoje, a cidade esteja envolvida por uma atmosfera serena e aconchegante.
Além de seus tesouros históricos e culturais, Goiás Velho é cercada por uma região de serras e matas repletas de cachoeiras e piscinas naturais conhecida como Serra Dourada, a 37 quilômetros da sede do município. O local abriga uma impressionante variação de tonalidades na coloração de sua areia, encontrada nas rochas e no solo, o que incentivou trabalhos artesanais como os da artista plástica Goiandira de Couto. A partir dessa matéria prima, a artista conseguiu produzir 551 tonalidades diferentes para colorir seus quadros que retratam a Cidade de Goiás. As obras estão expostas no Espaço Cultural Goiandira de Couto.
O roteiro turístico de Goiás Velho é facilmente percorrido a pé. Na verdade, a cidade pacata com ruas de pedra do século XVIII praticamente convida o visitante a calçar sapatos confortáveis e desbravar o local. Comece a excursão pela casa de Cora Coralina, antiga morada da famosa poetisa vilaboense que se dedicou a traduzir em versos os encantos da vida interiorana. Hoje a tradicional casa ao lado da ponte sobre o Rio Vermelho deu lugar a um museu onde é possível encontrar os pertences da artista, além de alguns recursos audiovisuais que resgatam sua vida e obra.
Outro lugar essencial para entender a cidade e seus personagens é o Mercado Municipal. Ali se reúnem todos os tipos de figuras pitorescas, além de pequenas barracas que comercializam de tudo um pouco: utensílios de cozinha, carne bovina, antiguidades e artesanato local. O mercado também é um excelente local para provar um bom empadão goiano ou o tradicional pastelinho (massa assada recheada com doce de leite).
As marcas do apogeu de Goiás Velho durante o ciclo do ouro estão retratadas no Museu das Bandeiras. O rico acervo do local traz materiais utilizados no garimpo, porcelanas portuguesas e outros objetos que remetem aos séculos passados. O Palácio Conde dos Arcos, antiga sede do Governo do Estado, é uma construção incrível que preserva sua arquitetura original, com móveis do século XVIII e louça alemã do século XIX. O Museu de Arte Sacra da Boa Morte reúne imagens esculpidas em cedro por José Joaquim da Veiga Valle, um dos mais importantes escultores brasileiros de arte sacra. Além disso, à meia-noite da quinta-feira da Semana Santa, o local é ponto de partida para a Procissão do Fogaréu, ritual tradicional da cidade desde 1745, que representa a procura e a prisão de Cristo e reúne cerca de 10 mil pessoas.